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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O Rei da Ericeira

A Ericeira é uma vila tão antiga que até as suas paredes guardam histórias. Ao andar pelas ruas da vila, aqui e ali, encontra sempre alguma inscrição, um painel de azulejos, ou placas, com curiosidades. Assim, é possível ver as inscrições nas rochas das furnas com ditados populares, tais como, "Quem navega sem destino, nenhum vento é favorável", ou painéis a informar que "Foi nesta praia que no dia 5 Outubro de 1910 embarcou para o exilio a Familia Real Portuguesa perante a respeitosa atitude de toda a população da Ericeira".
Contudo a inscrição que motivou este artigo refere-se ao Rei da Ericeira, o segundo contado entre os falsos Dom Sebastião, de seu nome Alvares Mateus.

Este senhor mais não era que um ermita com traços semelhantes ao do próprio D. Sebastião. Tal aparência suscitou imediatamente a curiosidade dos populares que não tardaram a espalhar que ali se encontrava o Desejado. Isto um ano após ter surgido um falso D. Sebastião, condenado às galés espanholas, como integrante da armada invencível que pretendia invadir Inglaterra.
Os apoiantes juntaram-se então e aclamaram-no como rei, chegando mesmo a haver casamento com uma filha de um lavrador, Pêro Afonso, principal incentivador da sua proclamação. O falso Rei chegou ao ponto de montar corte na Ericeira: distribui cargos e títulos nobiliárquicos e passou provisões e alvarás com o selo real.

Ao saber disso o vice-rei espanhol, foram enviados o juiz da hora de Torres Vedras e o escrivão, acompanhados de oficiais de justiça com a intenção de prender os amotinados. Contudo acabaram sendo lançados do muro das Ribas pelos defensores do pretenso Rei, o que levou ao envio de uma força militar espanhola para cercar Pero Afonso no vale do Lizandro que dizimou os seus homens.

Após o condenamento em Lisboa, a 14 de Junho de 1585, Mateus Alvares, natural da ilha Terceira (Açores) foi conduzido ao Pelourinho, onde lhe foi decepada a mão direita, que lá ficou exposta. Ainda depois do enforcamento , foi decapitado e esquartejado, e as suas partes expostas nas quatro portas da cidade.

Atribiu-se a Mateus Alvares a seguinte declaração: "não sou D.Sebastião, mas somente um homem que tentou libertar o povo da tirania dos castelhanos, agora façam rei a quem quiserdes.


No entanto, este tratamento não impediu outros dois homens muito curiosos de tentarem o mesmo: um pasteleiro com qualidades incomuns: tratos finos, falante de quatro línguas ( castelhano, Português, Francês e
Alemão), de historia igualmente singular; e um italiano que não falava uma palavra de Português! mas que dizia ter feito um voto de não falar na língua mãe.

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